“A graça do erro é rir. E é se surpreender.”
Benedito Bergamo é o convidado deste episódio e o dono desta frase dita dentro deste áudio.
Errar não é falhar.
Errar é vagar, se deslocar, se perder para encontrar outros caminhos.
Neste episódio, atravesso as margens da escrita e penso a errância como gesto poético, filosófico e criativo.
Essas palavras parecem carregar um peso negativo, mas na verdade escondem uma força vital, e origens históricas inusitadas. A errância não é só se perder: é inventar caminhos que antes não existiam.
Foi pensando nisso que me deixei atravessar por Jacques Lacan em seu Seminário 23, quando ele se debruça sobre a obra de James Joyce, pela Nau dos Loucos de Foucault, pelas cartas e cortes de Ana Cristina Cesar e pelos deslocamentos semânticos-visuais de Décio Pignatari:
Errância é muito do que me move no processo criativo, e nesse episódio compartilho um pouco desses caminhos que guiam minha própria escrita, e para ilustrar ainda com poetas vivos, convidei o poeta Benedito Bergamo, cuja palavra também sabe desviar, para uma conversa sobre poesia, passos e deriva.
Falar de errância me fez perceber mais de perto o tropeço. Como quem encontra no acidente um atalho inesperado, abraço a errância, afinal caminhar e flanar pelo mundo são formas de resistência contra a linha reta do discurso.
Ao final do episódio você escuta Som Imagem Letra, poesia autoral de 2020.
Desafio para você
Enquanto você escuta a este episódio, pergunte-se:
consigo perceber minha própria errância?
No final do episódio, declamo um poema inteirinho meu, minha tentativa de inscrever no gesto essa mesma errância que não se explica, mas insiste em permanecer.
Espero que goste,
abraços carinhosos.
Sobre o convidado
Benedito Bergamo é paulista. Vive no Centro de São Paulo. Promove o Sarau dos Achados e Perdidos, expõe livros e vídeos em aparelhos de Tv em bares e teatros da Praça Roosevelt, no Centro de SP, desde 2016. Tem diversos títulos publicados, desde 1989.
A indicação do autor para aqueles que gostam de ler sobre processos criativos é seu livro “Cadáver Crônico” (Editora Primata, 2020), resultado de exercícios com meios surrealistas, ao lado de Rui Chinellato entre 2015 e 2019.
O seu livro “Para onde vão os sapatos?”, será re-publicado pela Editora Primata, e em breve estará em circulação.
O artista também desenvolve atualmente os projeto de linguagem e arte digital OVINI NU OVINI VEM e o projeto poético musical OH BUM.
Dica extra:
O tema desde episódio surgiu durante o curso “Escrituras do olhar”, da artista Edith Derdyk, que tive a maravilhosa oportunidade de participar no mês de Setembro.
Em seu livro “O corpo da linha: notações sobre desenho” a artista também fala sobre a errância! O livro foi publicado pela Relicário Edições, e está disponível para compra.
ASSEMIAS
captação, edição, criação e idealização: Lia Petrelli.
trilha sonora: Filipe Ignatius.
operação de câmera: Caio Lopes.
apoio e distribuição: Function FM.
🎧 Disponível nas principais plataformas digitais.